Hoje tive uma imensa vontade de
amanhecer por dentro, e com isso acordar aquele sentimento doce e sereno que foi
um dia o nosso amor.
E eu lembrei daquela carta que
você escreveu quando eu tinha 22 anos, aquela que falava que eu era diferente
de tudo o que você tinha visto, sentido e desejado.
Sim, esta mesma que você engolia
as virgulas pensando que elas eram desnecessárias ao que estávamos vivendo no
momento.
Você dizia em palavras simples que
eu te fazia bem e que pelo seu próprio bem você jamais queria sair de perto de
mim. Como não lembrar daquela cena
linda e não me apaixonar novamente?
Uma doce vontade de suportar a
normalidade da vida e saí pelo mundo a fora, ultrapassando-me. Em um desfile de predicados, em
que a parada da vida é o recomeço e a saída é uma vontade inventada, eu me
encontro nestes devaneios de hoje vivendo um amor de primavera.
É um querer
que vai além. Que não se sabe aonde chega. Palavras perdidas ao início do
capítulo. Mas chega uma hora em que você sabe que ninguém sai da vida inteiro.
O que você precisa aprender é ter paciência, dar um tempo e ter seu próprio
tempo.
Porque as coisas são como devem
ser. Mas, na hora certa. Na hora em que sorrimos pro outro, e enxergamos o
olhar de Deus cogitado em nosso coração!
Sim, é assim que eu te vejo. É assim
que eu quero te ver sempre. Hoje, mesmo que eu muitas vezes me sacie de
músicas, café, séries e textos possa dizer que há necessidade de um abraço
quente. Não um abraço qualquer. Digo, um abraço de amor. Dilacerado na certeza de
que a eternidade entre nossos olhos existe.
A cada novo momento de nós sinto
que uma parte nova se soma, uma parte velha se solta. Há pedaços lindos que eu
amo, há pedaços faltando que estamos incompletos. Mas isso não tem importância,
não estar finalizado em que nós somos nos dá opção de ser quem podemos ser.
Nos dá a chance de ser cada vez,
melhor.
(Marília Felix)
25/09/2016
25/09/2016